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20 de fev. de 2011

45. 19º Dia

Escrito há algum tempo

Na verdade foi um desabafo que eu escrevi no meu fichário em junho de 2008 quando eu estava mal e quando minha depressão começou a ficar ruim mesmo. Eu me preocupei com tanta coisa boba na época que acabei sendo egoísta com uma pessoa maravilhosa que não merecia e isso me deixou muito triste a ponto de só piorar minha situação emocional.

Tinha terminado o terceiro ano e estava indo pra faculdade. Aquele ano passado foi uma tragédia atrás da outra. Primeiro porque meu pai tinha ficado doente e isso não me fazia bem, ficava pensando em coisas que simplesmente me deixavam incrivelmente assustada e que por não falar, nem expressar isso para ninguém, me consumia por dentro como uma doença. Segundo por que, por causa do primeiro, minha mão não estava em condições de permitir que eu estudasse fora alem de achar que eu era nova demais e boba demais, então eu não iria fazer a faculdade que eu queria, o que me deixou incrivelmente frustrada fazendo eu definitivamente parar de me dedicar, ao pouco que eu já me dedicava, aos estudos. Terceiro, eu estava com a ultima esperança, a ultima coisa que iria fazer com que eu continuasse um pouquinho que fosse “feliz”, dentro de oito meses eu iria tirar carta mais minha mãe me da à trágica noticia de que só no começo do outro ano já que eu estudaria de manhã e a noite, não teria como tirar carta em apenas um mês, depois que eu completasse dezoito anos nas férias de inverno em julho, e ainda para ajudar a “greve”. A casa caiu toda de uma vez na minha cabeça e a única coisa que me animava era meu namorado, louco, Rafael. Ele é um amor de pessoa e vivia fazendo palhaçada, mais depois que eu, acho que comecei a realmente ficar frustrada de verdade, as palhaçadas dele só me irritavam.

Tudo, tudo tinha ido por água abaixo, tudo o que eu havia planejado, tudo que eu queria, o “meu futuro sonhado”, tinha sido tragicamente apagado da minha frente, e eu já não conseguia enxergá-lo.  Nem minha formatura fazia sentido pra mim. Meu pai não quis entrar comigo e eu tive que entrar com o meu cunhado, eu odiava a idéia de ter que dançar, já que eu era dura e não tinha muita coordenação nas minhas pernas gordas, me dava medo de imaginar que algo ruim poderia acontecer e todos estariam me olhando, eu passaria vergonha e iria ficar uma pimenta e sei lá o que eu iria fazer depois, minha irmã do meio não pode comparecer, e na hora que eu entrei nem vinte pessoas gritaram pra mim enquanto, pra quase todo mundo, salva raras exceções, como eu,  mais de cinqüenta gritavam eufóricos.  Eu estava correndo em um corredor sem fim e sem nem imaginar porque corria ou par onde eu queria ir. Então o que fazer ?

Eu ergui a cabeça e falei - Você ainda é nova, tem 17 anos, faça o curso técnico de manhã, de seu melhor na faculdade a noite, depois de dois anos você vai ter o diploma de Curso técnico em calçado e dois anos depois de Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda. Olha só, você já vai ter tirado carta ate lá, você vai poder arranjar um bom emprego comprar um bom carro e vai ser feliz. – bem, vamos ver até onde eu vou chegar com esses meus novos planos de vida, improvisados de ultima hora, como se você tivesse que criar uma redação de ultima hora para entregar para o professor porque esqueceu.

Agora pensando bem fico me perguntando - Por que fazer coisas tão diferente, calçado e comunicação? Não tem nada haver comigo! Eu nunca se interessou por calçado, a não ser se ele fosse bonito e servisse no seu grande pé numero trinta e oito. Eu não sou nem um pouco comunicativa, odeia falar, tem problemas com as pessoas fica vermelha por qualquer coisa, tem problemas ate pra se expressar e gosta de ficar no seu canto.– Eu respondo - Simples, o curso técnico em calçado é de graça e meu pai falou que seria bom eu saber um pouco sobre calçado caso ele montasse uma empresa para pintura de saltos e quem tomaria conta seria eu.

Já que eu não ia fazer Arquitetura e Urbanismo, que era o que eu queria, eu não queria nenhum curso com a odiosa matéria conhecida como “matemática”, cálculos sempre me assustou, então, aqui nessa cidadezinha pacata ou era Comunicação ou era Direito mais a segunda opção alem de custar novecentos reais mensais estava com pouca procura no mercado de trabalho, alem de que, como o Rafa está fazendo a primeira opção, recomendou por ser muito legal.

Em Janeiro, depois de refazer meus planos de ultima hora, eu definitivamente estava sem animo pra nada. Dia vinte começariam minhas aulas do curso técnico no SENAI das sete e meia as dês paras onze da manhã e a única coisa que eu pensava é que eu queria continuar de férias. Nada que eu fazia me deixava contente apesar de que eu sempre colocava um sorriso na cara e dava risada de tudo e de todos para que ninguém ficasse me perturbando com perguntas chatas sobre o que eu tinha. Mesmo assim os amigos sempre me perguntavam porque eu estava tão baixo astral. Eu já não era mais a “mesma”. Na verdade eu acho que nunca fui “eu mesma”. Sempre tentando chegar onde eu sempre soube que não chegaria, sempre querendo ser o que eu não conseguia, ou será que eu era daquele jeito mesmo e só agora eu comecei com isso de querer ser o que eu não sou!? Na verdade isso agora me confundiu mais do que antes. Tudo, tudo o que eu sabia e acreditava sumiu da minha consciência e nela só existia o vazio. O vazio de não se lembrar de nada, de ter mentido tanto, de ter perdido tanto, falado tanto, sonhado demais, vivido pouco e chorado sem necessidade.

Senti como se minha vida estivesse sendo vivida toda errada. Como se eu fosse toda errada. Senti como se antes era suficiente e agora faltava tudo. Dói saber que eu deixei tudo passar. Que eu estava ficando velha, “adulta” e isso me assusta. Eu não fazia idéia de onde eu estava, do que eu queria, ou o que eu vivia. Vi-me angustiada, olhando pela janela do carro mais uma vez e vendo tudo passar sem ver o quanto era tão bonito as coisas mais simples, sem ver que cada segundo era perdido dentro dos meus pensamentos tão fechados e ilusórios, tão particular como se eu fosse a única que estava em AM ouvindo musica antiga e todos estavam em FM ouvindo musica eletrônica. Imóvel, cega, surda, muda. Quando eu me vi assim, fingi que não era minha vida e continuei do jeito que estava. Naquele tempo tudo começou a me irritar, as palhaçadas do meu namorado, a falta de cheiro dele, o jeito que ele me abraçava e me beijava, o telefone tocando, meu pai xingando, minha mãe gritando o meu cachorro latindo, ate meus amigos fakes que falavam que eu era linda e meiga me irritavam quando me escreviam isso, ate quando alguém se preocupava comigo me irritava. Eu queria ocupar minha cabeça com algo mais interessante e irreal para que eu não olhasse pra minha vida e visse como ela estava uma calamidade, visse o mundo como era de verdade. Comecei a ler fanfics na internet, mangá, e assistir mais do que antes animes e filmes. Eu passava a maior parte do meu tempo na frente do computador lendo historias românticas e felizes, assistindo animes românticos, filmes românticos, pegando desenhos bonitos, conversando com pessoas, muito mais nova e desconhecidas, no Orkut fake e não ocupava o meu tempo com coisas mais criativas como fazer um curso de alguma coisas, eu só queria ficar sozinha com o meu mundinho imaginário.  Comecei a inventar desculpas para que meu namorado não me visitasse e para que nos não ficássemos sozinhos em casa porque eu passei a odiar ter companhia, o jeito que ele segurava minha mão e ficava fazendo círculos na palma ou o jeito que ele me tratava, eu achava injusto que eu não fazer isso nele e ele ficava fazendo carinho em mim e me tratasse tão bem, comecei a achar que ele não era o que eu queria, só que também achava que eu não o merecia porque ele era bom demais para mim, ele merecia alguém que o fizesse mais feliz do que uma tonta que não sabe “amar” do mesmo jeito que os filmes e desenhos me mostram, eu quero alguém perfeito tipo “Edward Cullen” e isso não é possível, isso se existe em filmes, livros e desenhos, isso só faz meu psicológico piorar. Achei que se eu o tratasse com mais distancia ele iria desistir e pedir pra terminar, por que eu falar sobre esse assunto era algo proibido, isso nunca sairia da minha boca, nunca. Então eu comecei a me distanciar da coisa que antes me fazia tão feliz.

No dia vinte, pelo que me lembro, eu comecei o curso no SENAI. Não era nada do que eu esperava, na verdade era totalmente diferente e mais uma vez isso me irritou. Não conhecia ninguém na classe, o que me fez ficar em silencio total nas primeiras semanas. Os professores me pareciam chatos, e no primeiro dia a gente leu um caderno de regras que teriam que ser seguidos, o que me irritou mais. “Não pode dormir na aula, não pode entrar atrasado, não pode faltar sem justificativa, não pode ir sem uniforme, blá blá blá ...” aff, eu já estava odiando antes mesmo de ter tido uma aula se quer. Mais depois de um tempo começou a ficar legal. Me acostumem. Era diferente. Descobri um conhecido no curso, era o Gustavo, ele havia feito o curso de inglês comigo, é um palhaço. Conversei com um outro aluno que é estranho. Mais depois de um tempo os assuntos que ele falava começaram a me irritar e eu decidi ir embora sozinha, longe, e calada. Conhecia também a namorada do “primo” do Rafael. Ela é um amor e estava na minha sala. Depois foi questão de tempo começar a falar mais com o pessoal e deixar que o curso ficasse entediante. Nele também descobri que sempre que eu cortava o dedo eu passava mal. Minha pressão cai e eu fico tonta com o cheiro de ferro e sal que saia do pequeno corte.

Em fevereiro começou as aulas na faculdade, faltei a primeira semana por que achava desnecessária essa bobagem de “bicho”, se ainda fosse uma faculdade publica, mas uma paga, não tinha necessidade de fazer tal coisa banal e sem graça. Na segunda quando fui ao meu primeiro dia, faltei as duas primeiras aulas por que eu não era boa o suficiente para chamar atenção das atendentes e entregar de uma vez o meu histórico escola na secretaria. Quando eu finalmente entrei na aula eu sentei lá no fundão longe de todo mundo, descobri que já tinha trabalho pra entregar na quinta, uma redação falando sobre mim. Aquilo era novo, era diferente, mais depois de um tempo se tornou chato, rotineiro, cansativo, deprimente. Não falava com quase ninguém na sala, só com um amigo do Rafa, o Fiote, o Nael, que falava que eu era altista e a “namoradinha” dele, Keite, que agora é uma grande amiga. Tudo me frustrava e eu toda noite reclamava do meu namorado para meus pais, só o ato dele demorar pra me levar para casa, só o fato de ele parar o carro na frente de casa para me beijar era horrível, eu me sentia mal. Ate que uma das minhas melhores amigas quase me fez ter uma sincope nervosa quando me perguntou que tipo de aliança eu gosto, e o tamanho de anel que eu uso, o problema é que ela também é amiga dele, mais ela me jurou que era só curiosidade dela e que ela não falaria nada para ele já que ela sabia que eu estava pensando seriamente em fazer o que eu não queria fazer, largar. Eu estava em pânico, e eu não queria de jeito nenhum fazer essa crueldade com ele por que eu sabia que ele gostava demais de mim e isso o machucaria, e só de pensar em machucá-lo eu já me titulava de monstro. Foi na noite da confraternização dos bichos, eu fugi dele a noite toda, a Silvia havia me avisado que ele queria falar comigo, mais não encontrava o jeito certo de me abordar, teria outra chance melhor de fazê-lo se não no dia em que eu estaria com 4 horas livres? As oito e meia da noite ele me encontro no restaurante da Silvia, fuçando na internet, naquela noite ele não me beijou os lábios, e sim tocou meus ombros e beijou o topo de minha cabeça, e eu sabia que isso era um sinal positivo, ele estava cansado das minhas atitudes e iria terminar e eu iria ficar triste mais não iria lutar contra a decisão, por que de certa forma, era o que eu queria. Mais eu estava errada, ele queria esclarecer as coisas.

- Posso falar com você em particular? – ele falou serio e confuso.

-Sim, onde ? – eu estava com a voz nervosa e dolorida.

- Vamos à pracinha logo ali na frente. – Não ficava muito longe, estava ventando e o tempo estava nublado, era o fim do verão e o começo do outono. Estava um tempo triste como a situação.

- Claro. – me levantei tremendo, nervosa, mais tudo iria acabar. Caminhamos em silencio ate o primeiro banco da praça. Não havia ninguém. Era perto da rua. Me sentei e ele estava com um olhar triste. Fiquei fria como sempre e olhei o vazio da grande arvore na nossa frente.

- Teka, você gosta de mim? – Aquilo foi uma facada, o primeiro corte dos muitos que viriam e que já se alojavam no na minha alma.

- Claro que gosto Rafa, mais sabe ... – Tentei encontrar uma desculpa menos dolorosa do que a verdade “eu não amo você o suficiente e tentar foi um erro”, precisava de uma, então descontei tudo na falta de tempo. – Eu não ando com tempo nem pra mim mais. Tem todos os meus problemas, a faculdade, o curso, o trabalho. – Me arrependi amargamente quando eu olhei pra o lado e encontrei seus olhos azuis, como a água da piscina, cheios de lagrimas. Senti o frio do vento na minha pele, nos meus olhos, tudo parecia um filme de terror, um sonho ruim, mas era a minha vida. Eu queria esquecer, acordar daquilo tudo.

- Eu sei, Teka. Eu amo você, e entendo que não era nada disso que você queria, a faculdade, o curso, trabalhar com seus pai, mais quero continuar, fazer melhor, ficar do seu lado e ajudar você a esquecer isso, me diz onde eu estou errando, eu mudo, faço tudo o que você quiser, tudo por você. – Já era tarde, meus olhos estavam cheios delas. “Lagrimas estúpidas, não podem estar ai”, eu pensei. Eu olhava pra cima, pro lados, mais nunca no rosto dele, se não eu não teria coragem de falar o que eu me toquei que ele não falaria. Ele faria tudo para continuarmos juntos e isso não podia continuar. Nessa hora eu queria morrer, queria falar, “Tá, esquece o que eu falei e vamos continuar tentando!”, no entanto...

- Ai que ta, você não tem que mudar por mim. Você não precisa mudar nada. Você é ótimo assim. Gosto de você como você é! O problema não é você e sim eu. E você acabou de falar isso, tudo na minha vida não é como eu planejava que fosse e isso esta me enlouquecendo e eu não quero fazer mal a você, e eu sei que daqui em diante isso vai acontecer. Ninguém merece ficar do meu lado assim.– As lagrimas estúpidas lambiam meu rosto e eu tentava evitar soluçar enquanto minha voz falhava, tentava esconder o choro, evitar que ele me visse sofrendo, mais eu não estava sofrendo por lagar, eu estava sofrendo por ver ele naquele estado, eu estava machucando ele, e eu estava me odiando por isso.

- Oh, por favor, deixe-me tentar! Eu quero você. Eu amo você. E não quero te deixar. Não faça isso. – Ele estava chorando, e de soluçar, ainda ele enrolava a língua e as palavras saiam estranhas. É muito estranho ver um homem chorando e te implorando, era constrangedor e meu coração já estava despedaçado por vê-lo daquele jeito. Imagina um lindo garoto, de um metro e setenta e oito, loiro de olhos azuis, forte, gentil, amável, carinhoso, trabalhador, compreensível, engraçado, inteligente, resumindo, era para ser o cara perfeito que todas gostariam de ter ao lado mesmos com os pequenos defeitos que ele tinha. Ele falava olhando nos meus olhos e segurando minha mão como se me pedisse em casamento. Eu estava gelada, inerte, eu era a fria e cruel. Por mais que eu quisesse parar aquela tortura e vê-lo feliz, não conseguia, as palavras saiam.

- Não. Por favor. Vai ser melhor pra você. Estou fazendo isso para o seu bem. Não quero empatar a sua vida.– Foi a coisa errada a dizer. Eu tirei minha mão das mãos dele.

- Meu bem é ao seu lado. Vai me matar saber que você gosta de mim e esta terminando pra tentar não me machucar, pelo meu bem. Você não decide por mim. Eu escolho sofrer com você do meu lado. Eu te Amo. – Oh meu Deus, não pensei que seria tão doloroso e difícil, será que eu vou ter que dar o golpe de morte e falar aquelas palavras feias? Não quero, me de idéias menos dolorosas. Eu pensava mais nada me vinha. Comecei a pensar que nunca havia dito a ele que o amava, ele sempre falava e eu sempre dava um jeito de mudar de assunto, e se achava que mudar de assunto ficaria obvio eu calava minha boca o beijando. Acho que ele decidiu que o beijando nessa hora era um jeito de falar “eu também te amo” já que ele sabia que eu sou péssima em demonstrar os meus sentimentos. Meus devaneios foram interrompidos quando o céu ficou claro e o barulho veio logo depois. O tempo estava pior. Eu não havia percebido que já tinha passado algum tempo em silencio. Precisava respondê-lo. Ai eu pensei, vou colocar o ponto final e se ele insistir em continuar a historia vou ter ser insensível que falar daquele jeito.

- Oh, eu acho melhor ... nos terminarmos. Não quero te ver assim nunca mais. Nunca mais mesmo. – Começou a chover, e isso fazia as minhas lagrimas se misturarem a chuva e não ficava tão visível que eu chorava. As gotas eram frias, e por causa das folhas das arvores elas chegavam menores e faziam cosquinha na minha pele. Ele me olhou descrente. Duvidando do que tinha acabado de ouvir. Tirou os óculos, guardou e limpou os olhos molhados das lagrimas, não de chuva.

- É exatamente isso que você quer? – Ele me perguntou com uma ponta de esperança. Estava doendo mais do que tudo. Meu coração era um buraco vazio e minha alma estava retalhada. Fiquei imaginando a dele. Eu queria gritar, sumir, menos fazer aquilo com ele.

- Sim. É o que eu quero. – Eu falei seria e tentando não mostrar nenhum sentimento. Ele me olhava, agora completamente arrasado, e sem esperança, tentando loucamente acreditar que aquilo era um sonho ruim, os olhos, sua face, todo seu corpo desejavam que aquilo fosse brincadeira e que ele acordasse.

- Não. – Ele sussurrou e abaixou a cabeça, ele havia acordado do sonho ruim e viu a verdade.
– Se é isso que você quer, vou entender.

- Sim, é. – Eu que já não conseguia falar e ficava enrolando no começo, engasgando, gaguejando, ou em silencio tentando achar uma maneira menos dolorosa, agora falava chorando, mas seria e monossilábica pra que tudo acabasse rápido. Não queria prolongar mais aquele pesadelo. Agora eu sabia que foi um erro tentar amá-lo e mesmo assim me permitir errar mais uma vez e com uma pessoa tão maravilhosa que não merecia. Não havia mais nada o que falar. Eu só queria ir embora e continuar na minha vida chata, agora sem coração e com a alma dilacerada com a lembrança do que eu fiz a ele e que ele não estaria lá para tentar fazer algo e me alegrar. Parte de mim morreu e eu pensei que depois disso minha vida melhoria. Estava errada. Só pioraria. Depressão e drama!

- Oh meu Deus Tá! Espero que continuemos como grandes amigos como era antes de tudo isso acontecer. Saiba que eu sempre vou estar aqui de braços abertos esperando por você, por que eu gosto muito de você para desistir de tudo assim. – Eu me levantei. Foi a minha deixa. Aquilo fez mais um buraco, dos muitos que já existiam, dentro de mim. Eu estava com os cabelos molhados, minha roupa não estava tanto. Mais se continuássemos ali a chuva iria piorar e nos dois íamos ficar doentes.

- Ah, sabe que eu desejo que seja como antes disso acontecer. Eu gosto muito de você para deixar nossa amizade para traz. Te quero como meu melhor amigo, como antes. – Ele me abraçou com força, havia me perdido. Ele não queria que eu fosse. Ele chorava muito e suspirava enquanto eu fazia de tudo para parar de soluçar e que as estúpidas lagrimas parassem de escorrer dos meus olhos.

- Temos que ir. – Eu disse quebrando tudo o clima. – É tarde, está chovendo, vamos ficar doentes e é a ultima coisa que eu quero pra você. – Ele se distanciou e me olhou nos olhos. Eu pensei que ele queria me beijar. Foi tudo tão confuso que eu me virei para ir, mas novamente ele me abraçou com força, desta vez por traz, e encostou a cabeça no meu ombro. Elas haviam parado de escorrer dos meus olhos agora eu só suspirava então esperei ele se acalmar, me soltei com cuidado dos seus braços e me virei, segurei firme seu rosto em minhas mão e dei um beijo e sua bochecha. – Nunca mais quero ver você chorando. Por nada me entendeu. Eu gosto demais de você para agüentar te ver assim novamente. Você merece coisas muito melhores. É uma ótima pessoa. Agora eu vou na Silvia e vou ligar pra minha mãe vir me buscar. Você vai pra casa e descansa, amanhã vai ficar mais fácil.

- Você também. Não quer que eu te leve. – Ele falou doce mais acabado.

- Não, obrigada. Quero ir ao banheiro antes. Eu vou ligar pra minha mãe. Não se preocupa. Agora vai. – Eu soltei seu rosto e me virei para ir embora. Quando olhei novamente, ele estava de óculos e abrindo a porta do motorista do seu Uno vermelho. Então ele entrou e eu me virei na chuva e fui andando tentando controlar minha reação e minhas pernas banbas, colocar minha mente no lugar e não entrar em histeria.

Eu cheguei molhada na Sil, mais não era quase nada. Era mais o cabelo. Eu estava com os olhos vermelhos, arregalados e molhada. Todos olharam pra minha cara, me perguntei como será que ela estaria, eu queria poder vê-la, mas era tão complicado unir todo na minha cabeça que simplesmente estava cheia de imagens tortuosas. Perguntei para Sil se eu poderia usar o banheiro. Ela perguntou o que aconteceu e eu disse frustrada com um sorriso amarelo.

- Estou solteira.”

Bem, é isso que estava escrito na folha! Ler depois de quase 3 anos me fez pensar em tanta coisa e sentir saudade também. Me fez pensar que diferente do idiota do Douglas, eu soube falar o que eu estava sentindo da maneira certa e não falar que ele tinha sido um erro, por que na verdade não foi! Ele foi o cara certo na hora errada e o meu drama de 2 meses atrás se parece um pouco com o que aconteceu naquela época com o Rafa, acho que foi a minha punição por te-lo feito sofrer tanto! Eu acredito que o que a gente faz no presente volta 3 vezes mais forte no futuro, por isso eu tive que sofrer por amor e ouvir que fui um erro agora, pra sofrer 3 vezes mais do que o Rafa sofreu comigo a 3 anos atrás, e sinto pena do outro que vai sofrer 3 vezes mais do que eu sofri pelo que ele me fez. A diferença é que entre mim e o Rafa acabou tudo “bem” e que posso ter minha segunda chance pra tentar, se ele quiser, mais eu não tenho nem o que pensar sobre o outro, porque já dei a segunda chance dele e acabou muito “mal”!

Eu não me arrependo do que fiz, e sim de não ter lutado mais por alguém que merecia o meu melhor!

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